sexta-feira, 6 de novembro de 2009

25 DE MARÇO -- A CARA DO CONSUMIDOR BRASILEIRO.

Excelente reportagem do Portal Exame, falando sobre a Rua 25 de Março, em São Paulo, um fenômeno do varejo Brasileiro, confira na integra no link abaixo:

http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0955/economia/mercado-brasileiro-isto-508528.html

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mr. Fisk

Mr. Fisk, fundador e presidente da rede de escolas de idiomas Fisk, lança sua biografia
São Paulo, 12 de agosto de 2008 – Quem tem mais de quarenta anos deve se lembrar de um senhor simpático que até os anos 80 dava aulas de inglês pela televisão. Conhecido como Mr. Fisk, o fundador da rede de escolas de idiomas que leva o seu sobrenome já faz parte da história do ensino da língua inglesa no País. Sua biografia, escrita por Elias Awad e que acaba de ser lançada no Brasil devido às comemorações dos 50 anos da Fisk, não é leitura obrigatória apenas para quem é aluno ou profissional da instituição, mas também para aqueles que desejam um estímulo para vencer na vida.

Atualmente com 85 anos, Mr. Fisk é considerado um ícone no segmento e sua história confunde-se com a história do ensino da língua inglesa no Brasil. Dos tempos da infância difícil em Vermont, Estados Unidos, passando pela chegada ao Brasil em 1950 e a criação das Escolas Fisk oito anos depois, o livro mostra toda a trajetória de sucesso desse simpático americano de nascença, mas naturalizado brasileiro, país que ele vive e que o acolheu com muito carinho.

Mr. Fisk criou uma rede de escolas de idiomas que hoje comemora 50 anos de existência, 11 milhões de alunos formados, faturamento de R$620 milhões somente no ano de 2007 e mil unidades espalhadas por todo o Brasil e em mais cinco países - Argentina, Angola, Estados Unidos, Japão e Paraguai. Seu carisma e principalmente sua visão empreendedora, fizeram com que Mr. Fisk fosse pioneiro ao lecionar inglês na TV Tupi e na TV Rio; pioneiro a investir em publicidade e propagandas televisivas; e pioneiro no sistema de franquias no País.

Nasce um novo método de ensino
A primeira vez que Richard Hugh Fisk veio ao Brasil foi em 1950 para visitar seu irmão que trabalhava no Consulado Americano de São Paulo. No auge dos seus 27 anos, gostou tanto da cidade que resolveu ficar. “Adorei o clima, a hospitalidade e achei inusitado o interesse dos brasileiros pela língua inglesa”, explica. Na época o País passava por grandes transformações e a necessidade do idioma surgia como grande diferencial no mercado de trabalho.

Mr. Fisk começou então a lecionar inglês e, em 1951, passou a ministrar aulas na TV Tupi e na TV Rio. No programa semanal intitulado Escola de Inglês, ele fazia o papel de Mr. Pep, um professor que ensinava o idioma aos seus alunos, que eram na verdade atores. Com o sucesso do programa, ele começou a ser cada vez mais requisitado para ministrar aulas particulares.

Em pouco tempo, os negócios prosperaram e Mr. Fisk decidiu criar o seu próprio método de ensino. Sensível às dificuldades de aprendizado dos alunos brasileiros, desenvolveu um material didático com base nas diferenças entre as estruturas gramaticais das duas línguas e criou uma maneira de apresentação dessas estruturas mais ordenada do que a dos livros existentes até então. Outra mudança no método pedagógico predominante da época foi estabelecer como primeira lição os auxiliares “Do”, “Did!”, “Will” e “Would” e não o verbo “to be”.

Primeira escola
Sua idéia foi um sucesso e, com os primeiros resultados positivos, abriu sua própria escola, em 1958. Localizada na Rua Francisca Miquelina, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, sua primeira instituição de ensino do idioma inglês começou a funcionar com 60 alunos. E em pouco tempo transformou a pequena escola instalada em um sobrado alugado em uma verdadeira potência.

"No começo eram dois professores além de mim. Lembro que comprava apenas os materiais necessários que precisávamos de imediato. Assim que um aluno se matriculava, eu encomendava uma mesa e uma cadeira a mais. Fui caminhando devagar e os negócios foram crescendo”, relembra.

A fama da eficiência do método chegou a outros estados e foram tantos os interessados em utilizar a metodologia de ensino Fisk que, em 1962, iniciou-se o sistema de franquias, na época batizado por Mr. Fisk como Método Autorizado, sendo que os primeiros contratos foram feitos na base do “aperto de mão”.

No início dos anos 70 a rede já possuía cerca de 15 escolas. Trabalhando com sua ex-esposa, Zélia de Toledo Piza, que tomava conta da área administrativa, Mr. Fisk se encarregava da área comercial, além de ser o responsável por encontrar novas localidades para a instalação de escolas, supervisionar todas as operações e ainda apresentar programas na TV. Tudo isso sem se descuidar da área pedagógica.

Nos anos 80, a Fisk comemorou 30 anos com o seu 1º Congresso Internacional na cidade do Rio de Janeiro. Participaram desse encontro franqueados de toda a rede, que já contava com aproximadamente 400 escolas espalhadas pelo Brasil. Nessa época, a empresa passou a despertar o interesse de outros países da América Latina e foi inaugurada a primeira “Escuela Fisk” em Buenos Aires.

Nasce a Fundação Richard Hugh Fisk
Foi na década de 90 que a Fisk deixou de ser apenas uma empresa comercial para tornar-se a Fundação Richard Hugh Fisk, garantindo, dessa forma, o futuro de seus funcionários e franqueados e a continuidade da marca.

“Não tenho herdeiros e, portanto essa foi a solução para não deixar os profissionais da rede desamparados. Tenho funcionários que estão comigo há mais de 30 anos. Pessoas que se tornaram minhas amigas e que merecem continuar o trabalho que comecei”, afirma Mr. Fisk.

Em 25 de agosto de 1997, em reconhecimento aos serviços relevantes que prestou à cultura e à educação, Mr. Fisk foi homenageado como Cidadão do Estado do Rio de Janeiro no plenário da Assembléia Legislativa. Já no ano 2003, foi a vez dele receber o título de Cidadão Paulistano, ao mesmo tempo em que sua fundação recebia prêmios importantes como o Selo de Excelência em Franchising e Franqueadora do Ano.

Mais de 11 milhões de pessoas já estudaram na rede de idiomas que se consagra como uma das maiores com cerca de um mil unidades, espalhadas por todo Brasil e mais cinco países: Argentina, Angola, Estados Unidos, Japão e Paraguai.

"Estou realizado no Brasil. Fiz algo grande que me deu muita alegria na vida”, finaliza.

Um homem empreendedor e inovador

Pioneiro ao lecionar inglês pela televisão
Foram 25 anos de sucesso na televisão com programas em emissoras de várias cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Recife e Porto Alegre. Os programas eram divididos em duas partes: a primeira destinada à conversação e a segunda visava o ensino do idioma por meio de letras de músicas. Na época, Mr. Fisk recebia uma grande quantidade de cartas solicitando o envio dessas canções traduzidas. Surgiu então a idéia de lançar os famosos folhetos que continham as letras e as traduções das músicas internacionais.

Pioneiro a investir em publicidade e propagandas televisivas
Antes mesmo de inaugurar sua primeira unidade, em 1958, Mr. Fisk já anunciava na televisão. Mas foi na década de 90 que a rede de escolas de idiomas se fez mais presente nos veículos de comunicação, principalmente na mídia televisiva por meio de patrocínios esportivos.

Pioneiro no sistema de franquias
Na década de 60, Mr. Fisk estabeleceu algumas filiais próprias na capital de São Paulo, mas percebeu que jamais poderia, pessoalmente, controlar todas as escolas que rapidamente se espalhavam pelos quadrantes do Brasil. Ainda mais depois que a fama da eficiência de seu método chegou a outros estados e diversos empresários demonstraram interesse em fazer parcerias com ele.

A única solução era autorizar outras pessoas a usar o nome Fisk, bem como seu método e material didático. Assim, em 1962, foi criado o sistema de Escolas Autorizadas Fisk (Franchising), e nascia uma das maiores redes de ensino da língua inglesa do mundo.

Era evidente que tal empreendimento exigia uma retaguarda tanto administrativa quanto pedagógica de grande envergadura, ou seja, um esquema de treinamento, publicidade, orientação administrativa e didática que fosse eficaz o suficiente para prover uma perfeita cobertura e assistência às necessidades de todas as escolas autorizadas, cujo número não parava de aumentar.

Assim, o Corpo Administrativo, unido ao Departamento Pedagógico, incumbiu-se de contratar e treinar um número cada vez maior de professores e funcionários para as Escolas Fisk de São Paulo, além de dar treinamento intensivo semestrais às Escolas Autorizadas a fim de padronizar a atuação das mesmas, garantindo êxito absoluto da rede.

“Devido à sua visão empreendedora, Mr. Fisk tornou-se um dos precursores no uso do sistema de franquias em escolas de idiomas no país”, afirma Bruno Freitas Caravati, Vice-presidente da Fundação Richard Hugh Fisk.

Serviço
Título: Mr. Fisk – A trajetória do presidente de uma das maiores redes de escolas de idiomas do mundo
Autor: Elias Awad
Editora: Novo Século
Páginas: 312
Preço: R$ 39,90

Sobre a Fisk
Fundada em 1958 a rede de escolas de idiomas brasileira Fisk comemora 50 anos com 500 mil alunos distribuídos em 966 escolas, sendo 31 próprias, utilizadas como modelos da aplicação de sua metodologia, 105 no exterior e 830 franqueadas. O grupo, que se tornou fundação em 1992, está presente em seis países: Brasil, Argentina, Angola, Estados Unidos, Japão e Paraguai. O objetivo é atingir a marca de 1000 escolas até dezembro de 2008.

A instituição oferece cursos de inglês para adultos e crianças a partir dos quatro anos de idade e cursos de espanhol para um público acima dos 13 anos. Com metodologia de ensino própria, o programa educacional da Fisk tem como base as dificuldades específicas que os brasileiros apresentam ao aprender um segundo idioma.

Fonte: http://www.tramaweb.com.br/cliente_ver.aspx?ClienteID=183&NoticiaID=5621

Alberto Saraiva - Habbis

O vôo do Habib's
Alberto Saraiva, dono da maior rede brasileira de fast-food, lança nova cadeia de comida italiana, amplia a presença no México e se prepara para invadir a Europa

Por Darcio Oliveira

A platéia do teatro Alpha, em São Paulo, surpreendeu-se com aquele empresário alto, encorpado e muito bem-humorado que subiu ao palco na tarde da última terça-feira 29. Alberto Saraiva, o dono da rede Habib’s e de mais uma dezena de empresas, empunhou o microfone para ensinar ao público os segredos do sucesso da maior rede brasileira de fast-food. Contou como transformou uma pequena padaria em uma cadeia de 250 restaurantes de comida árabe que fatura R$ 500 milhões ao ano, como consegue ter os custos – e os preços – mais baixos do setor e como levou sua marca ao México. De quebra, apresentou o primeiro livro de sua autoria: os Os 10 mandamentos da lucratividade, editado pela Campus. Médico – ele é clínico geral formado pela USP –, empresário, filantropo (o cachê de R$ 30 mil das palestras vai direto para ONGs e a Santa Casa de São Paulo) e agora palestrante e escritor, Saraiva diz que vive a melhor fase de sua vida. No teatro Alpha, enquanto apresentava sua fórmula de sucesso, esse descendente de portugueses exibiu ainda seu lado cênico. Em alguns momentos da palestra, o palco se transformava numa grande cozinha e lá estava Saraiva metendo a mão na massa e produzindo esfihas. Em outras ocasiões, odaliscas dançavam ao seu redor enquanto ele contava a origem humilde – época em que pegava oito ônibus para ir ao colégio e ao cursinho – e o começo do projeto Habib’s. Enfim, ele fez seu próprio show e foi interrompido 16 vezes pelos aplausos de um público engravatado que pagou, per capita, R$ 3,6 mil para assistir as cinco palestras empresariais daquele dia. O dono do Habib’s desceu do palco satisfeito: havia contado tudo o que sabe sobre a criação de um grande negócio.

Ana Paula Paiva

Ou melhor, quase tudo. No dia seguinte à apresentação, Saraiva recebeu a equipe da DINHEIRO em uma das lojas da rede em São Paulo para falar de seus próximos passos. Acaba de fechar um contrato com um master -- franqueado no México para expandir a rede por lá. O desembarque ocorreu em 2001 com seis lojas próprias na capital, mas agora, com o sócio local, a idéia é levar as esfihas para a região de León, localizada a 100 km de Guadalajara. O nome do parceiro é Sergio Gonzales&Gonzales, dono também de uma franquia americana de autopeças chamada Speed. “Temos um contrato fechado para a abertura de mais 22 lojas no México”, diz Saraiva. No Brasil, ele espera chegar ao final de 2004 com um total de 285 unidades. No ano passado, bateu o recorde de abertura de lojas: foram 35 inaugurações. Mas seu grande salto no País está, na verdade, sendo gerado em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. É lá, bem em frente a uma loja do Habib’s na principal avenida do município, que surge um letreiro vermelho na fachada de um restaurante de comida italiana, onde se lê: Ragazzo. Trata-se da nova rede de fast-food que Saraiva pretende transformar numa potência do tamanho do Habib’s. “Construi o Ragazzo há seis anos, não fiz nenhuma publicidade e mantive o empreendimento funcionando até chegar a hora de fazê-lo decolar”, explica. A hora chegou. “O Habib’s atingiu um bom tamanho. Temos presença em 62 cidades em 15 Estados, uma marca mais do que consolidada e o respeito dos consumidores”, afirma Saraiva. “Daqui para frente, qualquer abertura de lojas Habib’s poderá entrar na zona perigosa de canibalização das unidades já existentes. Por isso, a criação de uma nova bandeira.”

A idéia é repetir a estratégia de operação que transformou o Habib’s em sucesso no mercado. Hoje, mais de 90% dos insumos usados na produção de quibes, esfihas, pizzas, beirutes e outras especiarias da rede vêm das próprias empresas de Saraiva. Ele é o inimigo número um da terceirização. É dono, por exemplo, do latícinio Promilat, que capta de suas próprias fazendas o leite usado na fabricação dos queijos que recheiam esfihas e pizzas. Também é proprietário de uma fábrica de sorvetes, a Icelip’s, e de uma produtora de doces, a PBBT. Tem ainda a Arabian Bread, que faz pães e massas, sem contar a própria agência de publicidade – PPM – a imobiliária Planejj e a Vector 7 Engenharia que, juntas, são responsáveis pela descoberta de pontos de locação e pela construção e arquitetura das lojas. O resultado de toda essa operação sem intermediários pode ser verificado no cardápio da rede, onde uma simples esfiha custa R$ 0,49 e uma pizza grande de mussarela sai por R$ 7,90. “Os únicos insumos que compro de fora são a farinha e a carne”, diz Saraiva. É essa verticalização dos negócios que ele quer adotar na Ragazzo, com uma modificação aqui outra ali – afinal novos ingredientes serão adicionados a um fast-food italiano. Saraiva já está negociando um ponto na região do ABC para montar a central de distribuição da Ragazzo. Até o final de 2004, abrirá duas unidades na capital paulista e, em 2005, outras sete.

Ana Paula Paiva

RAGAZZO Até 2005, a rede
italiana terá nove unidades
O momento para a nova empreitada parece bom. A última pesquisa de orçamento familiar, do IBGE, revela que no biênio 2002/2003 os gastos com alimentação fora de casa de uma família brasileira representaram 24,5% de sua despesa média mensal. Há oito anos, o índice era de 9,7%. “A única dúvida em relação a Ragazzo é se realmente já estava na hora de o dono da Habib’s partir para a diversificação”, diz o consultor Marcos Gouvêa de Souza. Pelo visto, Saraiva acredita que sim.

A Ragazzo também vai se servir de um novo empreendimento inaugurado pelo grupo Habib’s no início desse ano: a Vox Line, empresa de contact center com 600 posições de atendimento. Foi ela que possibilitou a criação do projeto Delivery 28 minutos, interligando todos os restaurantes da rede, de Porto Alegre a Belém. O cliente de qualquer ponto do Brasil faz o pedido e se a encomenda não chegar nesse tempo, ele não paga um tostão. Foram mais de 3 milhões de pedidos em seis meses e ninguém ainda comeu de graça. A Vox Line não atende só o Habib’s. Trabalha também para a Telefônica, Banco Panamericano e o Parque da Xuxa. Aliás, essa é uma outra fonte de receita de Saraiva. Muitas de suas companhias mantêm contratos fora do universo Habib’s. “O trabalho no Brasil deve servir de exemplo para nossos master-franqueados no exterior. Antes de fechar qualquer contrato eles passam por um estágio aqui no País para aprender o nosso conceito”, diz ele.


3 milhões de esfihas já
foram vendidas pelo Habib’s em 16 anos de operação
Além do sócio no México, o empresário tem recebido propostas de Portugal, Espanha, França, Argentina e até da China. Diz que está avaliando todas, mas que a oferta de portugueses e argentinos estão mais próximas de se tornarem realidade. Em Portugal, inclusive, já há repre-
sentantes do Habib’s fazendo pesquisas de mercado. “Em dois anos, a marca estará na Europa”, pro-mete. O velho continente, na verdade, não estava nos planos de curto prazo de Saraiva. Após a conquista do México, a escalada natural seria o mercado norte-americano. Em 2001, ele e uma equipe de executivos do grupo passaram 120 dias na Flórida avaliando o local. No dia 2 de agosto daquele ano, eles chegaram a fechar um pré-contrato com um empresário local. Mas 40 dias de-
pois houve o ataque terrorista ao World Trade Center. “Desfizemos o contrato. Quem seria louco de colocar uma rede com o nome Habib’s nos EUA depois do atentado?”, pergunta Saraiva. Talvez agora, com o Ragazzo, ele possa voltar à Flórida

Fonte:http://www.terra.com.br/istoedinheiro/357/negocios/voo_habbibs.htm

Cris Gardner - A Procura da Felicidade

De mendigo a milionário
A incrível história de Chris Gardner, o
sem-teto que virou corretor da Bolsa,
acumulou US$ 600 milhões e agora
tem sua vida contada em livro e filme

Por Osmar Freitas Jr. – Nova York

É bem provável que o mundo tenha perdido um grande trompetista de jazz quando o americano Chris Gardner, 52 anos, compreendeu que ele não poderia ser outro Miles Davis – um dos deuses do gênero. “Estudei trompete por dez anos. Minha meta era ser Miles. Mas minha mãe me disse que o posto de Miles Davis já estava ocupado pelo original e que eu jamais seria ele”, diz.

O consolo foi abraçar outro sonho: o de ganhar milhões de dólares. E os Estados Unidos ganharam um excepcional financista e, ainda mais importante, um mito inspirador. Afinal, são poucos os que, como Gardner, saltaram da condição de miserável sem-teto para a de milionário, tornando plausível a promessa do “sonho americano” de oferecer infinitas possibilidades a quem tem força de vontade, caráter e senso de oportunidade. Além de sorte, claro. Contada por ele no livro The pursuit of happyness (À procura da felicidade), a história de Gardner – bem conhecida dos americanos – deve ganhar o mundo com o filme homônimo estrelado por Will Smith e seu filho Jaden (estréia no Brasil em 2 de fevereiro).


Trata-se da saga de um homem desempregado, abandonado pela esposa, tornado pai solteiro, mendigo, carregando o filho pequeno para os abrigos de sem-tetos, bancos de jardins e até banheiros públicos, ocupados à força para servirem de dormitório à dupla. Até que, com muito esforço e espírito empreendedor, Gardner consegue reverter esse estado de penúria para uma situação de riqueza, respeitabilidade e de fama. Hoje, ele tem uma fortuna estimada em US$ 600 milhões. Essa metamorfose, claro, dependeu de uma confluência de fatores que raramente se alinham. “Acho que somente nos Estados Unidos a minha história não é considerada uma anomalia. É claro que em outros países algumas pessoas conseguem repetir, ou mesmo superar, conquistas como as minhas. Mas são exceções que confirmam a regra que aponta esta nação como a verdadeira terra das oportunidades”, diz Chris Gardner, sentado atrás da mesa de conferências de sua empresa Christopher Gardner International Holdings, em Chicago. A peça de mobiliário, note-se, foi em outra encarnação a cauda de um avião DC-10.


Em família: Gardner com seus filhos Chris Jr. e Jacintha. Negro, sem-teto
e pai solteiro, Chris Gardner jamais
perdeu a esperança
Nos anos 80, Gardner vivia em San Francisco, onde trabalhava com venda de equipamentos médicos. Um dia, ele viu um sujeito numa Ferrari vermelha procurando vaga num estacionamento no centro da cidade. Impressionado com a máquina, ele ofereceu a sua vaga. “Falei para ele, você pode estacionar no meu lugar, mas me responda duas perguntas: O que você faz? E como você faz?” O dono da Ferrari disse que era corretor da Bolsa de Valores, vendia ações e faturava US$ 80 mil por mês – uma verdadeira fortuna na época. Ali, no ato, surgiu a inspiração indicando o caminho do ouro: “Naquele momento tomei duas decisões: entrar no negócios de ações e comprar uma Ferrari no futuro”, conta Gardner.


Sucesso: livro lançado em 2006 já inspirou Hollywood
Ele acabou perdendo o emprego, mas não a perspectiva. Depois de muita insistência, Gardner finalmente conseguiu ser colocado como estagiário não remunerado numa corretora da Bolsa de Valores. Esta primeira tentativa, porém, não traria sucesso. O homem que lhe ofereceu o treinamento saiu da empresa e, da noite para o dia, fecharam-se as portas para o protegido. Novamente desempregado e com US$ 1.200 em multas de trânsito sem pagamento, Gardner foi parar na cadeia. Sua mulher – numa das piores decisões financeiras de que se teria notícia – o deixou a ver navios com o filho deles, Chris Jr., então com dois anos.

Suas economias se resumiam a US$ 25 no bolso. Seria o suficiente para fazer uma pessoa começar a beber. “Meu padastro era alcoólatra, fracassado, ressentido e violento. Por isso eu não bebo até hoje”, conta. Se era suficiente para comprar dois litros de uísque, o dinheiro não dava para pagar o aluguel. Sem casa, pai e filho montaram residência provisória no banheiro da estação rodoviária de Oakland – uma espécie de Niterói da região. E foi no toalete, ainda hoje em funcionamento, que o futuro milionário teve uma epifania: “Neste mundo existem dois tipos de pessoas: aqueles que vêem um monte de estrume e o identificam como merda e os que reconhecem ali uma boa quantidade de fertilizantes.” Com essa idéia na cabeça, Gardner passou a sair pelas ruas em busca de seu monte.

Depois de muito penar, ele teve outra oportunidade no programa de treinamento da corretora Dean Witter Reynolds. “Eu não ganhava nada. Meus colegas não sabiam que de noite, meu filho e eu dormíamos em abrigos de mendigos, banheiros e parques”, disse Gardner a ISTOÉ. A situação, embora considerada por ele como “promissora” – segundo a “teoria dos fertilizantes” –, não era nada confortável. Mas em 1981 ele finalmente obteve a licença para operar oficialmente na Bolsa de Valores. Imediatamente, encontrou emprego na conceituada firma Bear, Stearns & Company, trabalhando primeiro na área de San Francisco e depois em Nova York. De lá para diante, deslanchou e nunca mais parou. A primeira Ferrari de Gardner foi comprada de segunda mão. E não poderia ter passado por mãos mais significativas: pertenceu ao maior gênio do basquetebol, Michael Jordan. Pode ter sido um sinal de sorte. A aquisição foi feita nos anos 90, em Chicago, onde, como empresário independente, Gardner já havia montado banca para lidar com ações futuras de commodities. “No filme essa trajetória mudou um pouco, para melhorar a narrativa. Mas a essência é a mesma do livro”, diz o protagonista.

Os Estados Unidos têm fixação com a história de Cinderela, fascinados pela possibilidade de alguém sair da pobreza e ficar rico. É o conto de fadas que explicita o chamado american way of life. Christopher Gardner é apenas mais um exemplo desse mito. “Aqui é a terra das oportunidades. Quem se empenhar e trabalhar duro tem boas chances de se dar bem”, explica a apresentadora de televisão Oprah Winfrey. Ela é a voz da experiência. Nascida na miséria há 52 anos no paupérrimo e racista Estado do Mississippi, filha de mãe solteira, acabou se transformando na mulher negra mais rica da história do país, tem o programa de maior popularidade da tevê e é uma das empresárias de maior poder no mundo. Por seu sofá no estúdio de gravação passaram outros símbolos do american dream, como Michael Jackson, o próprio Chris Gardner e o senador Barack Obama, de Illinois, que disputa a nomeação do Partido Democrata à Presidência. “Isso não que dizer que nos livramos do preconceito racial. O racismo existe nos EUA, é um mal que impõe carga insuportável aos oprimidos e atrapalha a realização dos sonhos de cada um”, ataca Obama. Chris Gardner, o vencedor, concorda. E diz que vai votar em Obama.

US$ 25 é quanto Gardner tinha quando ficou desempregado.
Hoje sua fortuna é estimada em US$ 600 milhões

fonte:http://www.terra.com.br/istoe/1943/economia/1943_mendigo_milionario.htm

Abraham Kasinski - Sucesso após os 80 anos...

Ele é terrível!
Abraham Kasinski, o ex-dono da Cofap, aos 85 anos
aparenta 70, tem planos de 40 e vigor de 20

Célia Chaim



FAZ-TUDO Versões do Motokar
para transporte de gás, carro
de som, consertos em ruas,
entregas, lanchonete e outdoor
As noites de forró ficaram para trás, mas ele ainda adora dançar. Só que não dá tempo porque o sr. Abrahão Kasinski só quer saber de trabalhar. Até nove, dez da noite. Dona Ivone, sua segunda mulher, com quem vive há 15 anos, não gosta, mas aceita. Ele é fogo. Teimoso, alegre, irriequieto e destemido como uma criança.Topou o filme proposto pela W/Brasil para o lançamento da moto Kasinski GF 125 com enorme satisfação. O protagonista é ele mesmo, presidente da empresa. Até aí nenhuma novidade no fato de um presidente de empresa anunciar seu próprio produto. O que é absolutamente surpreendente é que neste filme Kasinski aparece para demonstrar o desempenho de uma nova moto com arranque e transmissões digitais. E aí todo mundo fica de boca aberta. Ele empina a moto, fica de pé, faz piruetas e malabarismos como se fosse um garoto exibido e desajuizado. É ele mesmo ou um dublê? Kasinski dá uma risadinha marota e encerra o assunto. A campanha nacional teve um investimento de mídia de aproximadamente R$ 2 milhões nesta primeira fase e tudo o que ele quer é vender suas motos.


Piruetas – Kasinski adorou o filme, talvez porque, de alguma maneira, tenha reforçado a sua capacidade para superar as piruetas da vida – empresarial e pessoal. A maior delas foi a venda, em 1998, da Cofap, gigante do setor de autopeças que faturava US$ 1 bilhão e exportava para 97 países, para a alemã Mahle. A segunda é o motivo da venda da Cofap, um troféu de excelência que ele exibia com enorme orgulho: a rancorosa disputa familiar pelo controle da empresa. Outra: o mal resolvido afastamento de seus dois filhos, Roberto e Ronaldo, do primeiro casamento (um mora em Miami e outro é fazendeiro no interior de São Paulo), provocado justamente pela disputa de poder. “Eles (os filhos) diziam que eu não era bom pai, que só trabalhava.” O primeiro casamento acabou depois de 20 anos, minado pelas novelas
da tevê que prendiam a atenção da mulher (que ele nunca menciona o nome) durante os melhores horários da noite e o deixavam sozinho,
lendo jornal e sem abrir a boca. Vinte anos nessa monotonia não é qualquer um que aguenta. E ele, dono de um olhar de quem sabe
apreciar os prazeres da vida, foi embora para um flat. Passou ali cinco anos “muito felizes”, amargou a venda da sua Cofap e jogou no lixo o prego e o martelo que o rondavam para a aparentemente inevitável cerimônia de pendurar as chuteiras.

Hoje Kasinski está a um passo de começar a produzir um carro popular, que não custe mais do que R$ 10 mil, em Manaus, na fábrica de 18 mil metros quadros de onde saem motocicletas 100% nacionais e o triciclo utilitário Motokar, que leva placa de moto mas não é exatamente uma moto. “Nossa fábrica pode fazer veículos de uma, três, quatro, oito rodas”, diz ele, abrindo o álbum de fotos da planta. O Motokar é uma moto de três rodas (tem placa de moto, o que diminui os custos em relação a impostos) e é, ao mesmo tempo, um utilitário com uma roda a menos do que o carro. Faz 30 quilômetros com um litro de gasolina. Foi feito para o interior do Brasil, onde é usado pelo correio, como táxi e por empresas de serviço de entregas. Tem três versões básicas – pick-up, táxi, com taxímetro e maquininha que fornece recibo impresso, e furgão. Dessas três versões, a Kasinski acaba de lançar mais sete, utilizando o mesmo chassi, adaptadas para realizar, a 50 km/h, diferentes serviços: entregar gás e compras de supermercados, lanchonete ambulante, socorro para consertos nas vias públicas (o Rio já está usando), outdoor móvel e carro de som.
A Kasinski (que antes se chamava Companhia Fabricadora de Veículos (Cofave), uma espécie de transição para o doloroso desligamento da Cofap) trouxe a idéia da empresa Bajaji, da Índia, de onde Kasinski acaba de chegar e para onde já foi outras três vezes. “Eu copio tudo”, diz. Copiou o conceito do “bajaji”, como são chamados os 4,5 milhões de triciclos que circulam na Índia, e daí para a frente teve uma enxurrada de boas idéias. A fábrica em Manaus, que emprega apenas 100 pessoas e é totalmente automatizada, foi construída com dinheiro do próprio empresário (as duas tentativas de parceria, uma delas na Bahia, com um executivo que já teve alta patente no mundo dos negócios, seriam exercícios de bandidagem e ele não quis). Kasinski é rico. Dizem que recebeu US$ 30 milhões pela Cofap. Mas ele diz que não é rico e vive sem opulência. Foi pobre, muitos e muitos anos atrás, quando seu pai, Leon, imigrante russo, chegou a São Paulo, onde viria a abrir a loja 3 Leões, de peças para carros, na avenida Celso Garcia, esquina com a rua Bresser, na zona leste da capital. Os três leões eram o pai e dois filhos mais velhos. Kasinski ainda era “leãozinho” quando o próspero negócio começou. Quando o pai morreu, ele abandonou o primeiro ano de medicina para tomar conta dos negócios com um dos irmãos. E foi aí que descobriu o mundo das autopeças.

Lula – A Cofap nasceu em Mauá, na região do ABC paulista, onde Kasinski conheceu o sindicalista barbudo em quem votaria para presidente da República no último dia 27. Patrão duríssimo, teve seus 35 mil funcionários parados numa greve comandada por Lula nos anos quentes do ABC. Hoje, ele dá risada quando conta que quis subir no carro de som para interromper a greve e saiu às pressas, ouvindo desaforos do tipo “judeuzinho safado”. De quebra, sujou a camisa ao atravessar a chamada “teresa”, corda impregnada de graxa preta que os trabalhadores em greve usavam para conter (e identificar) os fura-greve. De Mauá restaram as lembranças e um sítio onde ele cultiva dez mil orquídeas, duas mil delas com perfume, raríssimas, trazidas da Alemanha.

“Não consigo ficar parado. Sou doido varrido. Podia estar
descansando em qualquer lugar do mundo, mas não quero. “Não
foi fácil vender a Cofap. Fiquei seis meses parado, quase louco.
Mas o circo tem que continuar. Eu sou o gerente do circo que fica
com o paletó de paetê, cartola e apito na boca. Quando meu palhaço
não faz o público dar risada, não fecho o circo. Troco o palhaço.
Tem outro jeito? A vida é assim.”

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/1727/economia/1727_ele_terrivel.htm